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Alunos de Limeira no Trabalho Voluntário

Alunos de Limeira no Trabalho Voluntário

Um grupo de doze alunos vem dedicando parte de seu tempo a trabalhos voluntários no Lar João Kühl Filho, em Limeira. Como manifestaram o desejo de ajudar o próximo, por meio do Canto do Livre Querer, o CLQ estabeleceu uma parceria com uma Instituição na cidade onde os alunos residem, para facilitar-lhes a locomoção e possibilitar a realização dos trabalhos.

O Lar João Kühl Filho é um entidade filantrópica, fundada em 1917, que abriga idosos com vagas particulares, subsidiadas pelas famílias, e sociais, de pessoas desassistidas pelas famílias e/ ou sem condições de prover a própria subsistência. Com capacidade para 85 internos, atualmente conta com 80 idosos e um quadro funcional de 56 funcionários para atendê-los, entre eles, uma equipe com profissionais especializados, como assistente social, médico, fisioterapeuta, psicóloga, dentista, nutricionista e enfermeiras. Conta, ainda, com o trabalho diário de voluntários.

Devido aos altos custos para manter a boa qualidade de vida dos idosos, além dos recursos das vagas particulares e da subvenção governamental, a instituição depende, para suprir as necessidades, principalmente, de doações de materiais, feitas por empresas parceiras e por iniciativas da sociedade civil.

Em conversa com os alunos, eles contam como estão sentindo essa experiência, a primeira de voluntariado, para a maioria deles, bem como sobre o aprendizado que ela possibilita.

“É muito gratificante o trabalho que estamos fazendo. Dedicamos apenas uma hora e meia por semana a outras pessoas e isso está fazendo uma diferença em nossas vidas e na delas também. Percebemos que os idosos se sentem mais felizes quando chegamos à instituição, provavelmente porque muitos recebem poucas visitas dos familiares, outros nem família têm e porque a rotina de vida deles é regrada. Com o tempo, vão adquirindo confiança na gente e contam suas histórias de vida. Muitas delas, bem sofridas, alguns até de violência em suas casas. É uma realidade totalmente diferente da que imaginávamos. Vimos que tínhamos de conquistá-los para nos aproximar mais e ajudá-los. Agora, eles já nos esperam para conversar, para jogar bingo, baralho, para ajudá-los na hora do café da tarde e em outras atividades.

Isso mudou nossa visão de mundo: hoje, damos mais valor às nossas vidas, ao que temos. Percebemos que as condições deles são e foram muito diferentes das nossas. Amadurecemos e nos tornamos mais tolerantes com as pessoas, principalmente com os idosos”, comenta o grupo.

“Estabelecemos uma relação e passamos a nos preocupar com o bem-estar deles, se estão se alimentando, se estão se distraindo, fazendo atividades. É uma emoção forte e acabamos sentindo falta de estar com eles. Daí, o tempo que ficamos ali passa muito rápido. Ir para o Lar para mim é um descanso, um relaxamento para minha cabeça”, diz Gabriel L. Calabraro, da 1ª série do Ensino Médio.

“No dia seguinte à minha visita ao Lar, ao acordar, sinto-me muito melhor comigo mesmo; acho mesmo que aumenta a minha autoestima realizar esse trabalho. É uma sensação muito boa, legal. Percebi também que meus pais passaram a confiar mais em mim. Sinto que estou amadurecendo com essa experiência. Vivemos num mundo muito diferente do deles e essa percepção a gente só tem quando começa esse contato”, completa Gabriel Andreotti, da 1º série do Ensino Médio. “Conversando, conhecemos as dificuldades deles e de suas famílias, como não ter dinheiro para comer, ou para colocar comida na mesa para os filhos. Aí percebemos que temos tudo e que, diferente da gente, não podem nem escolher o que comer; dividem banheiros com centenas de pessoas e muitos estão ali sem a visita de ninguém. Antes eu achava que dava uma superatenção para minha avó ou para outros idosos, e vi que não, agora é diferente, sou mais atenciosa e cuidadosa com eles”, diz Clara Lucato dos Santos, da 1ª série do Ensino Médio.

Laura C. Zampoli, da 2ª série do Ensino Médio, afirma que, ao contar, aos amigos, as histórias que ouve, ou algo sobre a vida deles, muitos não acreditam ou dizem que ela está narrando as piores histórias dali, mas nem sempre é. “Comecei a fazer trabalho voluntário no ano passado e vejo que é muito importante. Mudei minha visão das coisas. Hoje é diferente, passei a ouvir mais as pessoas, a dar mais valor ao que tenho, percebi que o que é sonho para alguns, como conhecer o mar, ir a uma praia, para mim é corriqueiro. Acho que estou mais sensível e madura. O que mais vale é o que estou proporcionando a eles e eles a mim.”

O grupo conta que, na Páscoa, preparou uma surpresa para os idosos. Os dois grupos reunidos foram no mesmo dia e levaram ovos para todos os idosos como presente. “Eles ficaram muito emocionados e muitos falaram que estavam felizes por terem sido lembrados, por alguém pensar e preparar algo especial para eles. Corremos atrás de ovos e da roupa de coelho, vestida por Gabriel Calabraro, e passamos por todas as alas da instituição distribuindo os ovos. Eles nos abraçavam, sorriam e se emocionavam. Cantamos juntos e sentimos uma grande emoção por proporcionar aquele momento de felicidade para eles.” Enfim, finalizam os alunos, “a história de vida e a personalidade de cada um deles é algo que não vamos esquecer. O que estamos vivendo ali é um aprendizado que levaremos para sempre.” Todos afirmaram que fazer o trabalho voluntário foi uma semente plantada e que pretendem continuar desenvolvendo outros trabalhos sociais no decorrer de suas vidas.  

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